sábado, 27 de abril de 2013


Abro os olhos. Achando que foi tão pouco o tempo que estivemos juntos. Melhor parar de pensar nos bons momentos e encarar de frente o que me está designado.
Tomo café, mas a lembrança das horas passadas não sai da minha mente. Tenho que prosseguir. O tempo é curto para cumprir minha missão. Mas, mesmo depois do desapego, melhor é pensar em cumprir com minhas obrigações. Limpo, escrevo, comento, brigo, como. Ah! Como. Quando comer, como não pensar em você.
Não sei se gosto mais de levar essa rotina circular ou se prefiro o conforto do passado, do mundo ideal vivido junto a você. Suspiro ao imaginar o nosso retorno, nosso silêncio, nossos contornos.


Crônica por Alice Carvalho, Bernadete Santana, Patricia Matias e Vastir Duarte, produzida na oficina “Além do curtir e compartilhar: a leitura nas redes sociais”. Centro de Educação, Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 02 de abril de 2013.



A oficina foi uma experiência maravilhosa. Além de discutirmos sobre a leitura feitas nas redes, vemos todo um trabalho de produção por esses leitores, que utilizam de sua criatividade e conhecimento para se expressar, como também se identificam com os conteúdos compartilhados. E ainda tive a oportunidade de conhecer elas: professoras, mães, mulheres em sua completude e incompletude. Obrigada por esse momento e pelo lindo texto por nós desenvolvido! 

terça-feira, 19 de março de 2013

E no registro da memória: nossas coincidências

Deixarei você ir... Simplesmente por não conseguir suportar mais tantas coincidências, tantas músicas e coisas em comum. A parcela de mim contida em você refletirá e se chocará com o meu todo. E o que restará?
Nossas músicas, nossas coisas em comum, que ganharão significados não esperados pela minha racionalidade. E essa mudança mexerá no registro da memória, substituindo minhas lembranças e ligações com a essência... Ah, que essência carregada de nomes, números e sonhos.
Sim, de nomes! O seu, o meu, dos outros. Nomes de ruas, lugares de convivência, do set list (e que set list!). Isso vai acabar com meu registro de memória!
Sim, de números! Os eventuais números de telefones, de casas, de páginas a terminar e de contas a fechar, sem contar com os de horas a passar. São secundários diante de tamanha parceria.
Sim, de sonhos! Sonhos de quebrar paradigmas da trajetória até então traçada cuidadosamente, ou de seguir com os planos e testar nossas teorias e hipóteses, ou quem sabe de viver novos momentos com sabores diferentes. Nosso sabor, a mistura das coincidências. Não há mais surpresas, podemos ficar sem elas, não precisamos mais delas!
Somos tão iguais que talvez saibamos o fim disso tudo. E o fim talvez seja continuar ou talvez deixar... Ou ficarmos no talvez, com as coincidências ditando nossos próximos passos. E quem sabe um dia eu me arrependa de não ter deixado você ir, como havia decidido no inicio desse texto...

sábado, 9 de março de 2013

Sem título para o título Escolhas



Depois de anos sem ver alguns amigos, um dos temas de conversa foi sobre escolhas. Interessante como a genericidade se encaixa nos nossos exemplos e trajetórias, de como algo que pensamos, queremos e batalhamos para conseguir nos colocam em caminhos que nos aproximam e distanciam de pessoas, de rotinas...
Nem sempre as flores estarão presentes e os espinhos são os que mais demoram a secar, porém o caminho independe disso. Ele estará lá, com suas rotas apontadas e seus olhos ainda não se acostumaram a visualizar além da neblina, então você tateia e seus passos lentos obedecem os comandos do seu pensamento. Adiante ou não andaremos, seja pelo físico ou psíquico. 
E vemos que não somos os mesmos de um ou quem sabe três anos atrás. Nossas postagens não tem o mesmo teor nem o mesmo brilho. Ah, o brilho, mutante de cor e força...

terça-feira, 1 de maio de 2012

Muito em pouco


Vejo o mundo e silencio quase tudo.
Longe de decidir se isso é bom ou ruim.
Nem sempre as palavras contribuem e quase tudo escapa aos olhos sensíveis.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Noiteando


É na calada da noite que as gotas caem dos olhos, fazendo o percurso pela face em direção a lugar nenhum. Carregando consigo as mágoas de outrora, sejam de minutos anteriores ou de anos corridos...
Caminho muitas vezes solitário, longe de outros pares de olhos e ouvidos apurados.
Palavras substituídas por soluço e respiração inconstantes.
Desabafo incômodo à platéia não-convidada.
Nem tudo fica preso no calabouço d’alma!

domingo, 17 de julho de 2011

Balançando...

E no balanço a menina vai e volta, sobe, desce, sobe novamente...
Em frente, um mundo, atrás, um muro.
O azul chega perto, depois se distancia e se aproxima o verde. 
Aonde ela vai?
Mais um impulso... Primeiro avista ele. E depois... o outro.
Dois caminhos, duas vidas bem distintas.
Não sabe o que fazer, ainda não é hora de descer.
Olha para cima. O sol e o vento nada dizem a menina.
E nesse balançar ela só queria ir para o outro lado da rua.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Maria-flor do caminhão



Manhã de domingo, pacata como sempre. Maria sentada na calçada, conversando futilidades, aquelas que não deram para serem ditas nos intervalos dos dias.
De repente silêncio, pela falta do que mais dizer ou pela monotonia do dia e da vida, Maria cala e sente o nada ao redor.
É sempre assim a vida, como uma manhã de domingo, lenta, morna e insalubre, pronta para você botar de molho suas mágoas e mancadas. Ela ferve, mas você não consegue desligar e tudo explode na segunda-feira.