Deixarei você ir...
Simplesmente por não conseguir suportar mais tantas coincidências,
tantas músicas e coisas em comum. A parcela de mim contida em você
refletirá e se chocará com o meu todo. E o que restará?
Nossas músicas, nossas
coisas em comum, que ganharão significados não esperados pela minha
racionalidade. E essa mudança mexerá no registro da memória,
substituindo minhas lembranças e ligações com a essência... Ah,
que essência carregada de nomes, números e sonhos.
Sim, de nomes! O seu, o
meu, dos outros. Nomes de ruas, lugares de convivência, do set list
(e que set list!). Isso vai acabar com meu registro de memória!
Sim, de números! Os
eventuais números de telefones, de casas, de páginas a terminar e
de contas a fechar, sem contar com os de horas a passar. São
secundários diante de tamanha parceria.
Sim, de sonhos! Sonhos
de quebrar paradigmas da trajetória até então traçada
cuidadosamente, ou de seguir com os planos e testar nossas teorias e
hipóteses, ou quem sabe de viver novos momentos com sabores
diferentes. Nosso sabor, a mistura das coincidências. Não há mais
surpresas, podemos ficar sem elas, não precisamos mais delas!
Somos tão iguais que
talvez saibamos o fim disso tudo. E o fim talvez seja continuar ou
talvez deixar... Ou ficarmos no talvez, com as coincidências ditando
nossos próximos passos. E quem sabe um dia eu me arrependa de não
ter deixado você ir, como havia decidido no inicio desse texto...
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